Ao longo dos cerca de 200 hectares que se debruçam sobre o rio e a mítica N222, concentram-se 20 hectares de parcelas com mais de 100 anos, uma das mais relevantes manchas de vinha velha da região, que dá origem aos principais tintos DOC Douro da casa. E é precisamente esta a origem principal dos três novos vinhos agora apresentados: Quinta dos Frades Grande Reserva 2016; Quinta dos Frades Vinha dos Deuses 2019; e Quinta dos Frades Dona Sylvia Grande Reserva 2017.

O Quinta dos Frades Grande Reserva é o vinho mais emblemático da quinta. Faz jus à enorme herança de vinhas velhas recebidas do passado e é produzido apenas com uvas uvas provenientes das parcelas de vinhas velhas da quinta que não têm menos de 100 anos de existência. Dado a escassa produção por cada pé de vinha velha e também a forte seleção à entrada da adega, são precisos muitas dezenas de hectares para se produzir este vinho nas quantidades que saem para o mercado (cerca de 15.000 garrafas).

O inverno de 2015/2016 foi quente e chuvoso, com uma primavera fria e extremamente chuvosa. O verão foi excessivamente quente e seco. Isso interrompeu a atividade das videiras e atrasou o amadurecimento dos frutos. As condições secas durante a colheita resultaram numa colheita de uvas saudáveis. Esta colheita produziu vinhos heterogéneos, mas globalmente com menor acidez e menor álcool do que em 2015.

Para a laboração deste vinho, foram identificadas na vinha, uvas de 23 castas, com predominância de Touriga Franca, Tinta Amarela, Tinta da Barca, Tinta Carvalha, Tinta Francisca, Tinto Cão, Bastardo, Rufete e Donzelinho. As uvas são colhidas manualmente, desengaçadas e pisadas a pé em lagares de granito. A fermentação decorre durante 6 a 10 dias com extracção suave e controle de temperatura. Estagiou 12 meses em barricas novas de carvalho francês, com tosta ligeira. Mínimo de 12 meses de estágio em garrafa. Tem um ph de 3,6 e acidez total de 5,0 g/L.

O Dona Sylvia Grande Reserva é um vinho de tributo da marca, à imagem de outro topo-de-gama, o Comendador Delfim Ferreira. Neste caso, trata-se de uma homenagem da família em memória de Sylvia Ferreira, esposa de Delfim Ferreira, o grande impulsionador da história recente da propriedade (que adquiriu em 1941). Produzido apenas em anos especiais.

Apesar de seguir o mesmo princípio de produção que o "seu irmão" Quinta dos Frades Comendador Delfim Ferreira, este vinho procura estar mais pronto a beber logo quando sai para o mercado. É igualmente um vinho encorpado, proveniente das melhores parcelas das vinhas velhas da quinta, mas os seus taninos são mais suaves e a sua fruta mais expressiva. Tem também a particularidade de, no seu lote, entrar sempre a parcela de vinha velha que fica ao lado da casa de chá que Dona Sylvia tanto gostava.

Para este vinho foram seleccionadas as cepas de maior potencial encontradas na vinha velha. Igualmente, as uvas são colhidas manualmente, desengaçadas e pisadas a pé em lagares de granito. A fermentação decorre entre 8 a 12 dias com extracção suave e controle de temperatura entre 20°C e 22°C. Ocorre uma ligeira maceração pós-fermentativa.

O Vinha dos Deuses é o tinto da Quinta dos Frades que procura aliar a profundidade e concentração das vinhas centenárias da quinta com uma fruta primária mais exuberante dada por vinhas mais novas. É estagiado numa parte importante de barricas novas de carvalho francês, o que lhe aporta aromas de baunilha e tostados, para além de uma cremosidade prazenteira que se mantém, mesmo com alguns anos em garrafa.

As uvas são selecionadas manualmente, desengaçadas e pisadas a pé em lagares de granito onde decorre a fermentação alcoólica. A fermentação malo-láctica é feita em cuba de inox. É seguida de estágio em barrica de carvalho francês com capacidade de 225 litros.

A referência Vinha dos Deuses é uma proposta que alia a profundidade e concentração das vinhas velhas com uma fruta mais primária, em busca de um perfil mais jovem – assegurado pela integração de um lote preveniente de vinhas com cerca de 40 anos.